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Vamos empobrecer (?)

* Prof. Dr. Argemiro Luís Brum 26 de agosto de 2024 Centro Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema), vinculado à Universidade Regional do Noroeste do Estado (UNIJUÍ)

27/08/2024 às 18h32
Por: Redação Fonte: Argemiro Luis Brum
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* Prof. Dr. Argemiro Luís Brum 26 de agosto de 2024 Centro Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema), vinculado à Universidade Regional do Noroeste do Estado (UNIJUÍ) Foto – Arquivo pessoal
* Prof. Dr. Argemiro Luís Brum 26 de agosto de 2024 Centro Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema), vinculado à Universidade Regional do Noroeste do Estado (UNIJUÍ) Foto – Arquivo pessoal

Estudos internacionais já deram conta de que, pela primeira vez na história da humanidade, a geração dos nossos filhos será, em média, mais pobre do que a dos pais. E o quadro ainda pode piorar nas próximas décadas. É o caso do Brasil, por exemplo. Segundo dados do Censo 2022 (IBGE), a população em nosso país (e no RS) parará de crescer mais cedo do que se esperava. Atingiremos o pico em 2041, com 220,4 milhões de habitantes (o RS já em 2026, com 11,2 milhões). A partir daí a população decresce lentamente, considerando a taxa de natalidade que temos (1,5 filho por mulher, contra uma necessidade de 2,1 filhos). O impacto econômico será imenso. Os investimentos terão que ser muito mais voltados à uma população idosa. Afinal, entre 2000 e 2023 a quantidade de idosos (60 anos ou mais), em relação ao total de brasileiros, passou de 8,7% para 15,6%, devendo chegar a 37,8% em 2070. Por outro lado, o mercado de trabalho (especialmente se a quantidade de jovens na categoria “nem-nem” – não trabalha e nem estuda, hoje em torno de 20% do total, não for drasticamente reduzida) terá que empregar muito mais idosos do que atualmente. Isso porque, até agora, nossa história esteve calcada na lógica de sermos um país de jovens, fato que permitiu a produção e a geração de riqueza ocorrer pela facilidade na reposição de trabalhadores, esquecendo de investir em produtividade. Nos últimos 40 anos, nossa produtividade do trabalho cresceu na média de 0,6% ao ano, uma das mais baixas do mundo. Ora, diante da iminência de termos menos jovens, para sustentar o crescimento econômico será preciso aumentar substancialmente a produtividade, tanto do trabalho quanto do capital. Teremos que fazer aquilo que pouco fizemos até o momento, e agora de forma ainda mais urgente: “gerar condições para o desenvolvimento via investimento em educação e em tecnologias capazes de impulsionar os resultados econômicos”. Como o setor público negligenciou a importância dessa realidade nas últimas décadas, com raras exceções, uma adaptação a essa nova dinâmica de nossa economia levará uma a duas décadas, desde que se comece logo a reação. Ou seja, infelizmente, pelo descaso da sociedade em geral e dos poderes públicos em particular, a tendência é empobrecermos, agravando a vida das gerações a partir de agora.

 

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